segunda-feira, 29 de setembro de 2008

O PAPA É POP


"No Futuro, todos terão seus 15 minutos de fama", previu nos anos 60 o papa da pop art, Andy Warhol. Morto há mais de 20 anos, o mito se mantém vivo e suas obras são tão atuais ou mais do que quando foram idealizadas.

Antes mesmo da proliferação do vídeo-clipe e da febre dos reality shows, que tornam desconhecidos famosos da noite pro dia, Warhol assumia o lema dos "15 minutos" lançando em seus experimentalismos cinematográficos musas, galãs e divas grotescas.

Em um programa que apresentava na MTV, Andy Warhol reafirmava a idéia da fama passageira. Sua figura excêntrica, sempre de peruca branca e óculos escuros, tornou-se marca registrada.

Visionário, Andy Warhol, sabia do real valor de suas obras, levando em consideração que a imagem ameaçadora do comunismo seria no futuro um grande atrativo para o capitalismo. Entre seus récoredes de venda está a bagatela de US$ 17,327 milhões, pagos pela serigrafia sobre tela Marilyn Laranja, em 1998, uma das obras mais emblemáticas do artista. A tela foi realizada em 1962, após a trágica morte de Monroe.

Em 1968, Warhol foi baleado pela líder feminista Valerie Solanas, fato que inspirou o filme Um Tiro para Andy Warhol(1996). Após o atentado, a saúde do artista nunca mais foi a mesma. Mas sua morte só aconteceu em 1987 devido a complicações em uma cirurgia de vesícula.

Luxo e Decadência em Factory Girl

Factory Girl narra com muita semelhança a trajetória de Edie Sedgwick, uma jovem norte-americana de família rica e seduzida pelo mundo de glamour e sonhos da Nova York dos anos 60. A vida de Edie se transforma quando ao mudar-se para a Big Apple conhece o ícone da Pop Art, Andy Warhol.

Edie passa a inspirar a produção cinematográfica de Warhol e dirigida por ele atua em diversas de suas produções como Vynil e Poor Litlle Rich Girl. As cenas dos bastidores destas produções são imperdíveis.

A Factory, lendário atelier prateado de Andy Warhol é o cenário de boa parte do longa. Lá o artista plástico criou obras que o imortalizaram, além de promover festas e utilizar o espaço como set de filmagem.

A relação de Sedgwick e Warhol muda quando a musa do cinema underground conhece Bob Dylan, na época com a carreira em ascensão. Sienna Miller interpreta Edie com louvor, mas Guy Pearce e Hayden Christensen não ficam atrás na pele de Dylan e Warhol. Sienna deve ter aproveitado muito os filmes de Edie para compor a personagem, já que a semelhança entre ambas passa a ser enorme.Pouco antes de morrer de overdose aos 28 anos, Edie revelou fatos de sua vida no documentário Cio Manhattan.

Na Fábrica, os conflitos começam porque Dylan condena a relação que Edie mantém com Andy Warhol, alegando que o artista a explora como uma escrava, além de manter o vício da moça. Por outro lado Warhol se sente trocado pelo novo namorado da garota e passa a desprezá-la, Edie por sua vez afoga todas as mágoas em um montão de drogas, drinks e cigarros.

O não muito conhecido diretor George Hickenloper acerta a mão ao retratar a vida de uma menina solitária e iludida. Onde quer que Edie Sedgwick esteja, ela certamente adoraria saber que passados mais de 40 anos em que estampou capas de Vogue e inspirou o cinema underground, tenha sua história contada para o mundo em uma belíssima produção hollywoodiana.

Outro ponto alto do filme é a trilha sonora que traz releituras de clássicos como Fever e I Want Candy além das agitadíssimas Nowhere to run(usada como trilha em Vynil) e Le Responsable do francês Jacques Dutronc.

Um comentário:

amanda.monteiro disse...

Ei Eduardo, fiz um post inspirado neste seu!

http://dubalaio.blogspot.com/2008/09/ligaes.html

Bjus.